'A RÉGUA'

Apesar de não acreditar num movimento orquestrado para fraudar as urnas nesta eleição, acredito sim em fraudes pontuais espalhadas por todos os rincões deste Brasil varonil. Todas contra Aécio. É o tal “efeito militância”, que saiu às ruas e invadiu as redes sociais com uma virulência e uma indecência até hoje inéditas para o cidadão comum ainda acostumado com a democracia. Ganhar no grito tem seu preço. Neste episódio insano, acho importante ressaltar mais uma vez o papel de nossas oposicinhas.
Já havia registrado aqui mesmo que Aécio Neves obteve uma grande vitória quando começou a vencer a pusilânime inércia ideológica do seu próprio partido, capitaneando a CPI do fim do mundo que finalmente vem desembocando na possibilidade de um impeachment. Sob a perspectiva histórica, Aécio representou o primeiro rompimento verdadeiro da dupla PT-PSDB, que sonhava mesmo com um socialismo rombudo eternamente instalado em nosso lombo, flertando com uma alternância cordata entre o ruim e o pior em nossas contas públicas.
Resta evidente que, quando uma eleição provoca uma rachadura tão grande e visível, as forças em cena não cederão até que a estrutura venha inteiramente abaixo. Se por um lado não será Aécio Neves que terá de anunciar o aumento indecoroso da gasolina, o racionamento de energia, o tabelamento de preços para conter a inflação nos moldes do kirchnerismo e outras vigarices decorrentes dessa fraude em andamento, por outro ficou claro que ele representa o grito de um pensamento oposicionista que não vai contemplar estupros institucionais calado e pisando nos astros, distraído.
Sinceramente, não tenho tantas esperanças. Já não as tinha mesmo quando se imaginava que o resultado da apuração poderia ser diferente. Se há algo de bom a comemorar na derrota da decência é que ser oposição neste estado de coisas nunca foi tão fácil. Basta querer. O Estado mais pujante da Federação vem sendo alvo de uma campanha difamatória sem precendentes. Nordestinos mandam paulistas “tomar banho” e paulistas mandam mineiros para lugares ainda mais indecorosos, num claro sintoma de que o país se prepara para rechaçar qualquer nova investida destes picaretas contra nossa combalida democracia.  O modelo se exauriu. Ganhou no grito e na intimidação, mas perdeu totalmente a legitimidade que já não tinha. Mostrou sua face pilantra e autoritária para quem quiser ver do que se trata essa camorra no poder.
O ano difícil de 2015 vai tornar-se insuportável. Sabemos o que eles querem para nós, o público pagante. Ligada em aparelhos, a democracia que queremos está na UTI, envenenada de véspera para que não se possa denunciar o já sabido. Anda estável, mas ainda não foi ouvida sobre onde foi parar o dinheiro desviado por essa camorra, num teatrinho mambembe digno dos melhores momentos de Macunaíma. Isto é o Brasil, meus caros. Não dá pra viver com um pingo de dignidade aqui. Uma lástima.

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